A Cajucultura | Parte 3 | Necessidades da cultura
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6) Exigências edafoclimáticas e época do plantio
> Adaptada ao litoral e condições nordestinas. Verifique o zoneamento agrícola no MAPA para cada estado do Nordeste.
> Boas condições naturais para o cultivo: 350 mm de deficiência hídrica; umidade do ar ideal entre 70% e 85%; requer alta luminosidade, produzindo pouco em sombra.
> Solo: areno ou franco arenoso, profundidade > 0,5 m, sem camadas compactadas, baixa salinidade (<8dS/m), não pedregoso, aerado e não sujeito a encharcamento.
Tabela 2: Demais condições edafoclimáticas ideais para o plantio de cajueiro.
7) Espaçamento
> Influenciam: nível tecnológico do pomar; cultivar; condições edafoclicmáticas. Para cultivos adensados e ultra adensados: maior nível tecnológico.
7.1 Cultivares do tipo anão:
> Sequeiro Quadrangular: 7m x 7m; 204 plantas/hectare.
> Sequeiro Retangular: 8m x 6m; 208 plantas/hectare.
> Irrigado quadrangular: 8m x 7m; 178 plantas/hectare.
> Irrigado Retangular: 8m x 8m; 156 plantas/hectare.
7.2 Cultivar BRS274 (comum) em sequeiro com 83 plantas/hectare
> Quadrangular: 11m x 11m. Retangular: 12m x 10m.
7.3 Cultivar BRS275 (híbrido) em sequeiro com 83 plantas/hectare:
> Quadrangular: 11m x 9m. Retangular: 10m x 10m.
8) Preparo do terreno e plantio
Tabela 3: Período de plantio de acordo com o zoneamento agrícola.
> Plantio pomar em sequio: início do período da chuva.
> Plantio pomar irrigado: qualquer época.
> Passos para plantio: 1) Aquisição de muda certificada de boa qualidade; 2) Limpeza da área (se for antigo pomar de cajueiros, remover todas raízes e tocos); 3) Aração (quando necessária) e gradagem (grade pesada seguida de grade leve); 4) Marcação das fileiras e covas sob orientação Leste-Oeste; 5) Abertura das covas pelo menos 30 dias antes do plantio (40 x 40 x 40cm solos arenosos; com dimensões de 50 ou 60cm em solos mais argilosos); 6) Preparo das covas com fertilizantes, corretivos (gessagem e calagem, caso não se faça aplicação em toda área do pomar, que é o ideal) e adubos de acordo com o resultado da análise do solo; 7) fechamento das covas; 8) Regular umedecimento das covas - reação química dos adubos e acomodação do solo evitando “afogamento” do colo da planta; 9) Realizar poda de formação (maiores detalhes no item 9).
> Plante após 30 dias do preparo das covas, abrindo um buraco (coveta) do tamanho da embalagem da muda. Use tutores nas mudas e faça uma “bacia”/depressão ao redor da muda, preenchendo com cobertura morta (mulching).
> Utilize quebra-ventos em regiões com ventos fortes e contínuos (> 7 m/s).
> Replantio para mudas que não se desenvolveram bem.
9) Podas
> Há 5 principais tipos de poda:
9.1 De formação: formar copa compacta, com elevada superfície produtiva e sem entrelaços. Cajueiros jovens (até 50 cm) – manter haste única. Cajueiro mais desenvolvido: seleciona-se 3 a 4 ramos com diferentes alturas e pontos cardiais, retirando-se ramos “ladrões ou chupões”.
9.2 Retirada de panículas (parte reprodutiva): retirada constante (até 12/18 meses da planta).
9.3 Desbrota: retirada de galhos do porta-enxerto ou abaixo da inserção dos ramos laterais (realizar ao plantar e nos demais anos após período chuvoso).
9.4 De manutenção (anual): Retirada de ramos entrelaçados com plantas vizinhas; ramos direcionados ou próximos ao solo e excesso de ramos no interior da copa.
9.5 De limpeza (anual): retirada de ramos “ladrões”, doentes e praguejados.
10) Substituição de copa
> Análise do estado do pomar atual: deve possuir até 15 anos, tronco da árvore com perímetro de 1,10m, plantas sadias e vigorosas, simulando rendimentos e o custo/benefício.
> Substituição pode ser total (todo pomar), seletiva (algumas árvores) ou em fileiras alternadas.
> Objetivo: maior uniformidade e plantio de clones de variedades mais produtivas ou melhor adaptadas.
> Técnica:1) Corte do tronco receptor a 40cm de altura em bisel, 3 ou 4 meses antes, mantendo até 6 brotações que se formarão para procedimento; 2) Selecione brotações de plantas doadoras para enxertia; 3) Realize enxertia por borbulhia em placa 4) Retire a fita plástica após 15 dias; 5) Realizar procedimento no período de florescimento (planta doadora).
11) Adubação
> Adubação mineral e orgânica leva a maior número de frutos, peso da castanha e pedúnculo.
> Adubos do tipo bokashi, torta de mamona e pós de pedra podem também ser utilizados.
> Quantidade aplicada de acordo com análise do solo.
11.1 Calagem: 30 dias antes do plantio. Para dose >1t/ha, dividir a aplicação em duas etapas – 1ª durante aração; 2ª durante eventual gradagem.
11.2 Gessagem: de acordo com análise de solo, geralmente solo arenoso (500kg/ha), textura média (1000kg/ha), argiloso (1.500kg/ha) e muito argiloso (2.000kg/ha). Alternativa: substituir 25% da calagem por gessagem.
11.3 Adubação de fundação/plantio: aplicar na cova, 30 dias antes do plantio: 1º calcário dolomítico segundo recomendação para 1m2 (caso calagem ocorra apenas nas covas e não em todo pomar); 2º mistura de terra superficial; 3º superfosfato simples, 100g FTEBR12 e 10 L esterco bem curtido.
11.4 Adubação pós-plantio (1º ano): Fertilizantes nitrogenados e potássico, aplicação dividida em 3 ou mais parcelas iguais. Sistema de aplicação (sequeiro) – início do período das chuvas, em sulco circular, profundidade e largura 10 cm à 15 cm; distância do caule 20 cm à 30 cm; cobrir com terra.
11.5 Adubação de formação e produção (após 1º ano): Mesmo sistema de aplicação que “adubação pós-plantio”, porém maior distância do caule e uma única aplicação de fósforo.
> Pomares irrigados: adubação pós-plantio, formação e produção junto ao sistema de irrigação.
12) Análise foliar
> Acompanhamento do estado nutricional do pomar e recomendação de adubação
> Dividir igualmente área com mesmo cultivar; coletar em zigue-zague folhas não danificadas, fora do período de aplicação de insumos e fora do período de pós chuvas intensas.
> Enviar material para análise em saco de papel no mesmo dia da coleta. Caso contrário, armazenar em refrigerador (não congelador) até o envio.
13) Irrigação
> Para cultivares (fenótipos) corretos gera aumento da produtividade.
> Para custeio, ideal comercializar castanha e pedúnculo.
> Microaspersão e gotejamento: economizam energia, água, tempo e aplicação (fertilizantes).
> Fase jovem: irrigação durante toda estiagem.
> Fase adulta: período entre florescimento e colheita.
14) Consórcio
> Alternativa geradora de alimento, renda e potencial melhoria do solo (leguminosas)
> Distância das plantas consorciadas com as linhas de cajueiro: 1 metro.
> Alternativas: feijão-caupi, feijão-guandu, mandioca, milho, melancia, cucurbitáceas e abelhas (desempenhando também serviço de polinização).
> Aumento da diversidade: usar plantas que atraem inimigos naturais de pragas.
> Utilizar restos de podas dessas culturas para cobertura do solo (diminuição de brotamento de plantas espontâneas e melhoria dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo).
15) Plantas espontâneas
> Primeiro ano: Retirar plantas espontâneas na bacia feita no plantio (coroamento).
> Plantas adultas: retirada de plantas espontâneas na área de projeção da copa.
> Entrelinha: manter cobertura vegetal espontânea em pelo menos 5cm de altura; outra alternativa é o consórcio com culturas anuais.
Fontes:
https://www.spo.cnptia.embrapa.br/conteudo?p_p_id=conteudoportlet_WAR_sistemasdeproducaolf6_1ga1ceportlet&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-2&p_p_col_count=1&p_r_p_-76293187_sistemaProducaoId=7705&p_r_p_-996514994_topicoId=10308 (livro Embrapa sobre cultivo do caju)
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/215402/1/500-perguntas-caju.pdf
(livro Embrapa: perguntas e respostas sobre o cultivo do caju).
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/riscos-seguro/programa-nacional-de-zoneamento-agricola-de-risco-climatico/portarias/safra-vigente/para/arquivos/PORTN412CAJUPA.pdf