Sistemas de criação de Aves de Postura | Parte 3
9. Acompanhamento do peso
> É muito importante medir o peso médio do lote toda semana, assim decidimos o melhor manejo a ser tomado, caso necessário;
> O peso médio deve estar de acordo com o padrão da linhagem de origem do lote;
> É importante que as galinhas cheguem às 16-17 semanas de vida com uniformidade de peso em torno de 80%;
Ilustração: Anelise Dias
Imagem: Pesagem das aves
> Passo a passo para realizar a pesagem:
> Definir dia e hora da semana para realizar a pesagem: reduz o stress das aves;
> Pesar entre 5 a 10% das aves para fazer as contas;
> Escolher aves de diferentes locais do galpão, escolhendo ao acaso;
> Anotar os pesos em ficha específica para isso;
> Usar balançada do tipo relógio ou dinamômetro, que devem estar suspensas no galpão;
> Manter balança calibrada e na altura dos olhos;
> Impedir que as aves se debatam, para isso conter as duas pernas das aves;
> Realizar cálculo do peso médio, intervalo e uniformidade, de acordo com o explicado no quadro abaixo:
Quadro 6: Cálculo do peso médio, intervalo e uniformidade
10) Especificidades quanto a Água para a dessedentação das aves
> Água é o principal alimento das aves e deve ser fornecida à vontade;
> Bebedouro deve estar protegido de outras aves de vida livre, pois essas aves podem transmitir doenças como influenza aviária, Newcastle e outras doenças bacterianas, fúngicas e virais;
> Temperatura adequada da água: entre 16 e 24°C;
> A água deve ser tratada de acordo com a legislação: resolução Nº 357 de 17/03/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e possuir qualidade adequada descrita O ofício circular conjunto DFIP-DSA nº1/2008, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2008);
> Confira os parâmetros definidos pelo MAPA no quadro 7:
Quadro 7: Parâmetros de qualidade da e seus valores limites aceitáveis.
Fonte: Adaptado de Brasil, 2008
11) Alimentos e suas características
> Cerca de 75% dos custos de produção de aves correspondem à alimentação. Por isso é muito importante que ela seja feita da melhor forma possível;
> Assim como os seres humanos, as aves devem possuir uma alimentação balanceada: com concentrações adequadas de proteínas, carboidratos (fonte de energia), vitaminas, e minerais;
> Cada raça e linhagem de galinha requer uma ração específica;
> É muito importante fornecer a alimentação adequada para a raça e linhagem da ave do lote, pois isso é fundamental para que elas produzam mais e com qualidade;
> Pode-se comprar a ração já pronta, ou optar por fazer a ração na propriedade;
> A alimentação das aves deve estar em conformidade com o exigido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O produtor deve ter um responsável técnico, deve possuir controle das entradas das matérias-primas, saída dos produtos acabados por fase;
> Geralmente, temos como fontes:
> Energia (carboidrato): milho;
> Proteína: farelo de soja tostada, cozida ou extrusada (nunca utilize o farelo cru);
> Vitaminas e minerais: Premixes ou núcleos.
> A alimentação apenas com verduras e sobras de alimentos reduz a saúde e a produtividade das aves, por isso, um profissional capacitado deve orientar quanto à alimentação alternativa das aves;
> Capins, frutas e verduras podem ser utilizados como complementos para a alimentação (alimentar no interior do galpão e sempre retirar os restos no dia seguinte);
> É possível realizar a alimentação das galinhas através de fontes alternativas de alimento, abordado em publicação da Embrapa – clique aqui para acessar
> Pesquisadores da Embrapa estudaram o uso de farinha de raiz de mandioca triturada (integral, com casca) e folhas de moringa secas e então trituradas (se utilizar talos finos, é necessário triturá-los antes de secar) para substituir em parte o uso de farelo de milho e de soja na alimentação de galinhas caipiras, veja o vídeo a seguir: Utiliza-se 30% de moringa e 70% de mandioca.
> Ainda é necessário adicionar milho e farelo de soja na composição
12) O preparo da ração
> O processo de preparo da ração deve ocorrer em um local destinado para isso (galpão ou sala de fabricação de ração), que não permita o acesso de outros animais;
> Deve-se fazer o controle periódico de roedores, com monitoramento e iscas;
> Os ingredientes devem ser peneirados antes de adicionados no misturador;
> Equipamentos: balança, máquinas trituradoras ou forrageiras e misturadores;
> A ração pronta deve ser armazenada em silos ou sacos apropriados, sobre estrados, sem encostar no chão, estando em local arejado, seco e protegido da luz solar;
> A ração deve ser bem triturada e sem sujeiras. Peneirar, caso necessário;
> Caso não tenha um misturador comercial, a mistura pode ser feita com betoneira ou um maquinário improvisado (imagem abaixo a seguir);
Fonte: https://www.comprerural.com/misturador-de-racao-barato-e-eficiente-veja/
> Nunca devemos misturar o alimento com as mãos ou com pás: não garantem uma mistura adequada, gerando uma ração não homogênea;
> Sempre higienize e feche o misturador após o seu uso, isso evita o aparecimento de roedores e outros animais indesejáveis;
13) Ovos
> A coleta dos ovos deve ocorrer pelo menos seis vezes por dia, para evitar contaminação;
> Utilizar bandejas de plástico para coleta;
> Classificar os ovos: peso e aspecto externo;
> Em seguida, os ovos devem ser embalados e armazenados em local com temperatura entre 8 e 15°C;
Quadro 8: Classificação dos ovos quanto ao peso
Fonte: BRASIL,1990
14) Anotações
> Deve-se ter um caderno para acompanhamento dos lotes (histórico de controle), onde é importante anotar à cada semana de vida das aves informações sobre:
> o número de ovos produzidos;
> número de ovos trincados ou deformados;
> quantidade e tipo de ração fornecida e mortalidade.
> É importante ter anotado dados gerais, tais como: lote, origem e nascimento;
> Essas informações são essenciais para a tomada de decisão.
15) O bem estar animal
> O bem estar animal é uma tendência no mundo todo, onde os consumidores estão cada vez mais preocupados com o bem estar físico, mental e estado natural (se está comportando naturalmente) animal;
> O bem estar animal é uma tendência, mas ainda não há nenhuma normativa no Brasil quanto a isso, já na União Europeia, o cenário é bem distinto;
> O MAPA elaborou a Normativa n° 56, estabelecendo os procedimentos gerais do chamado REBEM (Recomendações de boas práticas de bem-estar para animais de produção e de interesse econômico), levando em conta os seguintes aspectos:
> Conhecimento do comportamento do animal;
> Fornecer alimento que promova nutrição satisfatória, segura e apropriada;
> Realizar todos os manejos de forma cuidadosa e responsável;
> Promover sanidade das aves;
> Fornecer instalações conservadas;
> Realizar o transporte de forma adequada.
> Muitas das vezes, as aves engaioladas não vivenciam o bem estar animal pleno, pois é comum sofrerem com estresse crônico e também há impedimento que as aves desempenhem seu repertório corporal natural.
Fontes:
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de
Inspeção de Produto Animal. Portaria nº 1, de 21 de fevereiro de 1990. Aprovar as Normas Gerais de Inspeção de Ovos e Derivados, propostas pela Divisão de Inspeção de Carnes e Derivados - DICAR. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 mar. 1990. Seção 1, p. 4321.
Informe Embrapa: No pantanal moringa e mandioca substituem milho e soja na alimentação de galinhas
LUDKE, J. V.; FIGUEIREDO, E. A. P. de; AVILA, V. S. de; MAZZUCO, H. Alimentos e alimentação de galinhas poedeiras em sistemas orgânicos de produção. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2010. (Embrapa Suínos e Aves. Circular Técnica, 55).
BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 mar. 2005. Seção 1, n. 53 p. 58-63.
BRASIL. Ministério da Agricultura e Abastecimento. Anexo II do Oficio Circular
Conjunto DFIP - DSA nº 1 / 2008, de 16/09/ 2008.
Raças e linhagens de galinhas para criações comerciais e alternativas no Brasil.
Produção de ovos em sistemas de base ecológica