Sistema de Cultivo de Mandioca | Parte 2
11. Colheita
> Pode ser manual ou mecanizado. Com 1 ou 2 ciclos de cultivo.
> Poda da parte aérea 20 cm acima do solo, arranquio e despencamento das raízes.
> Eliminar o pedúnculo, ou pequenos caules remanescentes.
> Deixar 20% da lavoura para ser colhida ou podada no próximo plantio, caso não utilizar de lavoura para manivas-sementes.
> O transporte deve ser feito no período máximo de 24 horas.
12. Consórcio
> É possível fazer até dois plantios de culturas de ciclo curto durante o ciclo da mandioca;
> Para isso é necessário utilizar os espaçamentos em fileiras duplas de 2,00 m x 0,60 m x 0,60 m, ou 3,00 m x 0,60 m x 0,60 m;
> Culturas anuais: Mandioca + feijão-caupi; Mandioca + milho; Mandioca + milho + feijão-caupi; Mandioca + melancia; Mandioca + abóbora;
> “Sistema Bragantino”: fundamenta-se na rotação e consórcio dessas culturas, de forma que os agricultores possam produzir, continuamente, em uma mesma área, sem necessidade da derrubada anual e queima de novas áreas de floresta.
13. Doenças
> Podridão-mole. Sintoma: O amarelecimento e a murcha da parte aérea das plantas. Controle: Não realizar plantio em áreas cujo solo não seja bem drenado.
> Podridão-seca. Sintoma: semelhantes ao da podridão-mole. Controle: uso de cultivares resistentes e/ou tolerantes com práticas culturais adequadas, como o plantio sobre leiras para se evitar o acúmulo de água junto às plantas, adubação adequada, não ferir as raízes durante capinas e, também realizar a rotação de culturas com milho, arroz, feijão, entre outras.
> Antracnose. Sintoma: cancros elípticos e profundos nas hastes jovens e pecíolos. centros das lesões aparecem estruturas róseas. Controle: plantio de manivas-semente sadias.
> Super alongamento. Sintoma: alongamento exagerado das hastes tenras ou em desenvolvimento. Controle: seleção de manivas-semente sadias para o plantio, de preferência oriundas de cultivares resistentes ou tolerantes. A rotação de culturas é outra boa técnica a ser adotada.
> Bacteriose. Sintoma: manchas angulares nos folíolos, de cor de palha na face superior e azulada na face inferior, de aparência aquosa, murcha das folhas e pecíolos, morte descendente e exsudação de goma nas hastes. Controle: cultivares resistentes seleção de material propagativo sadio e a adequação das épocas de plantio.
> Viroses. Sintoma: cloroses intensas entre as nervuras primárias e secundárias das folhas. Em casos severos da doença, é comum observar um forte retorcimento do limbo foliar. Controle: seleção de material de plantio sadio, de preferência oriundo de variedades resistentes e a eliminação de plantas afetadas dentro do cultivo.
14. Pragas
> Aparecem na superfície das folhas, nos caules e nas raízes.
> Mandorová. Sintoma: desfolhamento. A forma adulta do mandarová é uma mariposa de cor acinzentada, de hábito noturno. Controle: Catação. Arar o terreno após a colheita, para eliminação de pupas do inseto. Rotação de culturas. Armadilhas para a captura de adultos. Aplicação de Baculovirus erinnyis: maceração de lagartas infectadas na lavoura, as quais se apresentam descoradas, com perda dos movimentos e da capacidade de se alimentar, encontrando-se dependuradas nos pecíolos das folhas.
> Para o preparo da “calda”, utilizar apenas as lagartas recém-mortas. As lagartas não usadas de imediato devem ser conservadas em congelador ou freezer e descongeladas antes do preparo da calda. A dose para pulverizar 1 ha é obtida usando-se: 8 lagartas grandes.
> Preparo da “calda”: 1) esmagar bem as lagartas infectadas, juntando um pouco de água para soltar o vírus; 2) coar tudo com pano limpo ou passar em peneira fina, para não entupir o bico do pulverizador; 3) misturar o líquido coado numa quantidade de 200 L de água por hectare a ser pulverizado; 4) aplicar o Baculovirus nas primeiras horas da manhã ou à tardinha.
> Ácaros. Sintomas: pontuações e manchas cloróticas, morte das gemas, algumas vezes deformações e queda das folhas. Controle: seleção de manivas sadias para o plantio; inspeções periódicas no cultivo para identificar focos de ácaros no início dos ataques e remover partes de plantas atacadas; uso de variedades de mandioca resistentes e/ou tolerantes; destruição dos resíduos da colheita anterior.
> Mosca Branca. Sintomas: as folhas ficam amareladas, encarquilhadas, secam e caem. Presença de fumagina. Controle: adubação adequada na área de cultivo, além do plantio da mandioca em consórcio com culturas não hospedeiras; pulverização das plantas atacadas com detergente neutro adicionado ao óleo vegetal, ambos a 1% de concentração, dirigindo o jato para a porção inferior das folhas e repetindo a operação em intervalos de 5 dias, até minimizar a presença de adultos/ninfas. Vistorias regulares (monitoramento) para identificação de focos da praga.
> Formigas. Sintomas: corte semicircular na folha, monticulos de terra/formigueiros. Controle: manipueira no formigueiro: limpeza da área externa de cada formigueiro; depósito de 3 L do produto no olheiro principal; vedação do olheiro principal e dos demais olheiros do formigueiro para evitar a fuga das formigas.
> Brocas-do-Caule. Sintomas: excrementos ou exsudatos deixados junto à base da planta ou próximo aos orifícios nas ramas. As hastes podem secar e se partir. Controle: observar periodicamente o plantio, durante períodos chuvosos e de temperatura mais elevada. Controle: destruição das hastes atacadas, com o uso de maniva-semente sadia. Utilização de armadilha para a coleta dos adultos.
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15. Processamento
> Recepção: as raízes devem ser descarregadas em local coberto, porém arejado, preferencialmente com piso impermeabilizado;
> Descascamento: mecanicamente, por um equipamento chamado de lavador-descascador, que possibilita simultaneamente a lavagem com fluxo contínuo de água e o descascamento das raízes. Se o descascamento for manual, deve ser feito, com o raspador ou faca de aço inox. Os cuidados com a higiene são fundamentais para que as bactérias não iniciem seu processo de proliferação. As cascas devem ser eliminadas da área de trabalho para evitar o aparecimento de insetos indesejáveis.;
> Imersão em tanque com água por 15min: lavagem para remoção de cascas ou impurezas remanescentes. Após a lavagem, as raízes limpas devem ser imersas em solução 0,5% de água clorada;
> Trituração mecânica das raízes: transformação das raízes em massa. As raízes limpas devem ser levadas para o triturador, constituído por cilindros providos de lâminas serrilhadas, fixadas paralelamente entre si.
> Prensagem manual da massa triturada (deixar 30% de umidade no caso da farinha d’água): comprimir a massa e reduzir ao máximo sua umidade. Existem vários tipos de prensas, sendo mais recomendadas as prensas de fuso e hidráulica.
> Esfarelamento mecânico (desintegrar a massa): Ao sair da prensa, a massa apresenta-se na forma de blocos compactos. Antes do cozimento, deve-se efetuar o esfarelamento por processo manual ou mecânico.
> Cozimento: Escaldamento por cerca de 20 a 30 minutos, e consiste em ir colocando gradativamente a massa triturada no forno previamente aquecido. O forneiro com o auxílio de um rodo vai mexendo a massa até atingir o ponto ideal. Para uma farinha torrada é necessário que a massa passe pelo processo de cozimento, do contrário ela não torra e sim seca ao forno.
> Importante: O sabor e textura dependem diretamente do grau de escaldamento. Durante este processo, acontece a formação de grumos por causa da fécula. Por isso, esta etapa tem a finalidade de dar uniformidade à granulometria da farinha. A malha da peneira será determinada pelo tamanho dos grãos que se quer obter.
> Torragem: A massa esfarelada deve ser levada ao forno até ficar seca, apresentando aspecto crocante. Na maioria das casas de farinha, essa operação é realizada em 40 minutos.
> Peneiramento (grossa, média, fina).
> Classificação: Com o objetivo de atender às exigências do mercado consumidor e, por meio da oferta de produtos de melhor qualidade, obter maior valor comercial.
> A classificação da farinha obedece aos seguintes critérios: grupo, granulometria, classe e tipo:
- Grupo: seca, d’água e bijusada.
- Granulometria (subgrupo): fina, média e grossa.
- Classe (coloração): branca e amarela.
- Tipo: 1, 2 e 3. O tipo define a qualidade, quanto menor o número melhor é a qualidade da farinha.
> Embalagem: São utilizados sacos de polipropileno com capa impermeável de proteção interna para dar durabilidade e proteger a farinha de contaminações. Os pesos mais utilizados são de 30 kg, 50 kg e 60 kg. São feitas embalagens em sacos plásticos resistentes e transparentes com 1 kg ou 2 kg, que são acondicionados em sacos de polipropileno de 30 kg.
16. Instalações
> A agroindústria de processamento da mandioca deverá ter muito bem definida suas divisões de acordo com a escala de produção e o processo de fabricação, mantendo espaço adequado entre os equipamentos para facilitar o trânsito da equipe de trabalho:
- Área de recepção;
- Área de trituração e prensagem;
- Área de processamento;
- Área de armazenamento e expedição;
- Instalações sanitárias.
Fontes:
https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/culturas_anuais/livros/CULTURA%20DA%20MANDIOCA%20APOSTILA.pdf
https://www.embrapa.br/documents/1354377/1743416/Mandioca+no+Cerrado+orienta%C3%A7%C3%B5es+t%C3%A9cnicas.pdf/2df4d240-b1b5-4107-84ed-12f85305ec67?version=1.0
https://sistemas.ifgoiano.edu.br/sgcursos/uploads/anexos_9/2018-03-06-10-32-47Rickson%20C%C3%A2ndido%20de%20Souza.pdf
https://www.douradosagora.com.br/noticias/tecnologia/sistema-de-plantio-direto-na-lavoura-de-mandioca-e-mais-sustentavel-e-rentavel
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMF-2010/26716/1/comunicado-133.pdf
https://www.embrapa.br/documents/1354377/1743416/Mandioca+no+Cerrado+orienta%C3%A7%C3%B5es+t%C3%A9cnicas.pdf/2df4d240-b1b5-4107-84ed-12f85305ec67?version=1.0
https://www.ufrb.edu.br/pgea/images/Teses/FRANCISCO_DE_ASSIS_GOMES_JUNIOR.pdf
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/173763/1/folder-Variedades-Mandioca-Ainfo.pdf