Cultivo do Cupuaçuzeiro | Parte 2
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8. Escolha da área.
> Solos que geram melhores resultados: Solos profundos, férteis. Textura: argilo-arenosa ou argilosa, com boa capacidade de retenção de água e bem drenados;
> Solos NÃO INDICADOS: Solos arenosos, solos que podem sofrer encharcamento, ou impermeáveis ou que possuem camadas de adensamento (compactados na superfície ou na subsuperfície).
9. Preparo do terreno e plantio
9.1 Análise do Solo
> Para melhorar os resultados da lavoura, é muito importante realizar a análise do solo, pois o cupuaçuzeiro necessita de um solo bem nutrido para fornecer elevada produção;
> A análise deve ser feita em duas profundidades diferentes de forma separada: de 0-20cm e de 20-40cm;
> Deve ser feita a correção da acidez do solo pelo menos um mês antes do plantio;
> Se for realizar o plantio por exemplo de banana, mandioca, feijão nas entrelinhas, deve-se realizar a correção da acidez em área total;
> Este vídeo é muito importante, explicando com imagens como deve ser realizada a coleta do solo;
> Após a obtenção dos resultados da análise de solo, um profissional habilitado deve ser contactado para passar as orientações de correção, adubação e manejo do solo;
9.2 Espaçamento
> Os espaçamentos mais utilizados são: 6 x 6m (277 plantas/ha), 5 x 5m (400 plantas/ha) e 6x 4m (416 plantas/ha);
> Podem ser retangular ou triangular.;
> O espaçamento triangular permite maior aproveitamento da área (acréscimo de 15% do número de plantas por espaço). Veja a imagem abaixo
Imagem 1: Marcação das covas e espaçamento: Sistema Quadrangular (A) e Sistema triangular (B); h= distância entre as linhas. Linhas vermelhas – Linhas do plantio; Círculos verdes: planta ou cova para plantio
Fonte: Primo, 2017 (Embrapa).
> Vantagens de espaçamentos maiores (como 6 x 6m, 7 x 6m e 7 x 7m):
- Permitem o plantio em consórcio com outras culturas;
- Mais fácil vistoria;
- Facilita tratos culturais, como podas e controle de vassoura-de-bruxa.
9.3 Abertura das covas (berços)
> Deve-se realizar a demarcação dos locais onde serão abertas as covas (ou berços);
> Utilizar no mínimo as dimensões 40 x 40 x 40cm para cada cova;
> Preparar as covas pelo menos 30 dias antes do plantio;
> Ao abrir a cova, separar terra superficial (0 – 20 cm) da terra mais profunda (20 - 40cm);
> A terra superficial deve receber adubação e será utilizada primeiro pra preencher a cova;
> Já a terra mais profunda será utilizada para completar a cova, na sua superfície;
> Os locais onde as covas foram abertas devem ser marcados para receberem o plantio.
9.4 Plantio
> Realizar no início do período chuvoso;
> Mudas devem ter entre 8 e 10 meses, com 8 a 10 folhas, tendo 40 a 50 cm de altura;
> Retirar a quantidade de terra da cova suficiente apenas para encaixar o torrão e a muda. É importante manter o torrão da muda, sem danificá-lo;
> Realize cobertura de solo ao redor da muda com material vegetal seco. Isso mantém a umidade e reduz o aparecimento de plantas espontâneas (daninhas);
> A muda deve receber água em boa quantidade e deve ser protegida do sol intenso. Uma forma de realizar este sombreamento é através do consórcio.
10 Consórcio com outros cultivos
> Outras plantas podem ser fonte de sombra para mudas de cupuaçuzeiro, mas elas podem trazer muitos outros benefícios para a lavoura e para o produtor;
> São benefícios: diversificação de renda, geração de alimento extra para consumo, sombreamento do cupuaçuzeiro, melhorias na qualidade do solo, atração de insetos benéficos que diminuem a incidência de pragas, utilização como adubo verde e cobertura de solo;
> Plantas de porte grande e com raízes maiores devem estar pelo menos a 1,5m do cupuaçuzeiro;
> Plantas definitivas: Plantas que irão permanecer na fase adulta do cupuaçu: açaí, pupunha, castanha, bananeira;
> Plantas provisórias: Plantas que não permanecerão ao longo de toda vida do cupuaçu: maracujá, macaxeira e mamão;
> Adubos verdes (plantas provisórias): Mucuna, feijão de porco, guandu, feijão caupi, crotalária, gliricídia, margaridão. Esses são exemplos de plantas adubadeiras que aumentam a qualidade do solo, devem ser podadas e postas sobre o solo, reduzindo plantas espontâneas, aumentando a vida e qualidade do solo. Algumas destas podem inclusive servir de alimento para a família ou animais de criação.
11 Manejo Cultural
> Importante: O manejo cultural deve ser feito na época correta e da forma correta; deve-se ter muito cuidado para não danificar a muda ao durante o manejo.
11.1 Tratos culturais – Manejo de plantas espontâneas (plantas daninhas)
> Não deve haver crescimento de plantas espontâneas num raio de 50 cm ao redor da muda;
> Nas demais áreas, incluindo entrelinhas, plantas daninhas não devem alcançar mais que 30 cm de altura;
> Fazer o coroamento das mudas, com cuidado para não revolver o solo. O revolvimento de solo causa prejuízos para as plantas, pois pode danificar raízes superficiais e cria “bacias” ao redor da muda, que podem ficar encharcadas em períodos chuvoso;
> Retirar cipós que crescerem sobre as mudas;
> Plantio de adubação verde: importante alternativa que reduz o crescimento de plantas daninhas, e traz muitos outros benefícios (como abordado em “consócio com outros cultivos”);
> Cobertura do solo: alternativa que reduz o aparecimento de plantas espontâneas e também traz outras vantagens importantes: reduz erosão superficial e compactação do solo, diminui temperatura das raízes, aumenta qualidade biológica do solo e colabora para mitigar o efeito estufa.
11.2 Práticas Culturais:
> As Boas Práticas Culturais: envolvem o correto manejo do solo e da planta, através de podas adequadas, que geram plantas sadias e resulta no controle da vassoura-de-bruxa (doença de maior importância para a cultura);
11.2.1 Podas
- As podas são realizadas nas diferentes fases da planta, sendo muito importantes para elevada produtividade, manutenção das plantas em até 4m de altura e para a saúde do pomar;
- Passar pasta bordalesa após realizar a poda, evitando assim o aparecimento ou propagação de doenças.
a) Podas de formação
- Retirar ramos ladrões, que surgem na parte inferior da copa em formação: no viveiro e no campo;
- Mudas enxertadas:
- Retirar a ponta da haste principal à 50 – 60 cm de altura;
-Retirar ramos que nascem a partir do porta enxerto;
- Ramos que aparecem abaixo da primeira divisão do caule em três ramos (tricotomia) devem ser retirados.
b) Poda de condução
- Realizar ao final do primeiro ano de vida da planta;
- Retirar a ponta (gema terminal) do ramo central da primeira ou segunda trifurcação;
- Podar as pontas (gemas terminais) dos ramos das trifurcações, quando eles atingirem 2,0m de comprimento, estando a 1,7 m de altura;
- Podar ramos que estiverem entrelaçados.
c) Poda de produção – limpeza
- Dar início ao ciclo de podas de produção pós três anos do início da implantação dos cupuaçuzeiros (início da fase produtiva);
- A poda de produção é realizada anualmente, após período da colheita;
- Retirar ramos mal posicionados e ladrões;
- Retirar: ramos secos, ervas-de-passarinho e frutos mumificados;
- Objetivo: formar uma copa arredondada, adequada para o espaço do pomar.
d) Poda fitossanitária
- Importante: Realizar vistoria para poda fitossanitária a cada 2 meses;
- Retirar ramos que estejam com sintomas de Vassoura-de-bruxa. As podas devem ser feitas de 20 a 30 cm abaixo do local com sintomas;
- Todas as partes afetadas devem receber esse tipo de poda;
- Os ramos que foram alvo da poda fitossanitária devem ser queimados ou enterrados;
- Passar pasta bordalesa no galho ao realizar a poda;
- Quando vizinhos também realizam a poda fitossanitária, o resultado é ainda melhor;
- A utilização de cultivares resistentes, podas corretas, juntamente com adubação de cobertura são medidas eficazes para combater a vassoura-de-bruxa;
- Maiores detalhes sobre a doença e seu controle, serão abordados no tópico “controle de doenças e pragas”.
Assista o vídeo produzido pela Embrapa que aborda a poda fitossanitária e a poda de produção
e) Poda de Renovação
- Realizar em plantas muito infestadas por vassoura-de-bruxa;
- É necessário avaliar economicamente se a poda de renovação é indicada;
- Para plantas malconduzidas, com menos de 3m de altura:
- Fazer poda de recuperação de 40% da copa, retirando também: todos os galhos atacados, ramos mal posicionados e ramos ladrões.
- Para plantas com mais de 3m de altura:
- Realizar poda drástica, de remoção total da copa;
- Cortar tronco à 1,0- 1,5 metros do solo;
- Realizar a adubação do solo para promover a recuperação da planta, pois a planta deve recuperar a copa em 18 meses;
- Durante o período de recuperação, a planta deve ser irrigada quando não for o período chuvoso;
- Formação da nova copa: Podar ramos para que restem 3 a 4 ramos bem posicionados que irão formar a nova copa.
11.2.2 Calagem e Fertilização
- Realizar a análise do solo antes da implantação do pomar e após isso, à cada três anos;
- A recomendação deve ser feita por profissional habilitado;
- Calagem: pH deve chegar a 6;
- Realizar fertilização uma vez ao ano, no início do período chuvoso: Adubo orgânicos, fertilizantes fosfatados e micronutrientes;
- Para solos arenosos, dividir a aplicação em três momentos: início, meio e final do período das chuvas.
Fontes:
Boas práticas agrícolas da Cultura do Cupuaçuzeiro – Embrapa
Aspectos da micropropagação do cupuaçu – Embrapa
Cupuaçu - Theobroma grandiflorum - Procisur
Técnicas para o cultivo do Cupuaçu – Embrapa Roraima
Cultivo de cupuaçu na agricultura familiar – IDAM