Tratamento de Dejetos na Suinocultura - Parte 2
Na parte 1 do tema, abordamos os aspectos gerais, captação, usos e cuidados a serem tomados em relação aos dejetos de suínos. Agora, iremos falar sobre os sistemas de tratamento desses dejetos de uma forma mais específica, trazendo vantagens e desvantagens dos métodos, além dos produtos gerados que podem ser utilizados na própria propriedade ou comercializados.
> O tipo de produção, a área disponível e a possibilidade de utilizar o resultante do processo como fertilizante irão auxiliar a determinar o manejo mais adequado dos dejetos;
> Os sistemas de tratamento podem ser utilizados de forma combinada;
> O tratamento possui duas partes: física e biológica;
> Tratamento físico:
- Separar o que é sólido do que é líquido. Por exemplo, decantação, peneiragem, prensagem e centrifugação;
- Vantagem de realizar o tratamento físico: reduz os custos.
> Tratamento biológico:
- Degradar o dejeto pela ação de microrganismos, que pode acontecer sem ou com a presença de oxigênio;
- O resultado do tratamento biológico é um composto sem organismos causadores de doenças e a geração de um produto que pode servir como adubo, reduzir a contaminação ambiental e pode ser utilizado para a geração de energia ou calor (biogás).
> Quando a propriedade não possui área agrícola onde podem ser utilizados os dejetos como fertilizantes e o destino final acaba sendo os cursos hídricos, pode-se utilizar a combinação na sequência de:
- Decantadores;
- Peneiras;
- Microfiltros;
- Esterqueiras;
- Lagoas de decantação (anaeróbica, facultativa e aeróbica);
- Lagoa com plantas enraizadas.
ATENÇÃO:
> O efluente tratado precisa atender aos parâmetros da legislação vigente para ser despejado no curso d’água;
> Nesse caso, é necessário ter um monitoramento constante e periódico do efluente (material a ser despejado) e do corpo hídrico que está recebendo o material.
Confira os tipos de sistemas de tratamento de dejetos, além de vantagens e desvantagens de cada um:
1) Lagoas de Decantação
> O sistema realiza a separação física por decantação, onde o sólido deposita no fundo de cada lagoa
> A ação de bactérias fermenta o dejeto e promove sua alteração química
> É um sistema que possui três componentes:
- Lagoa anaeróbica: para reduzir os microrganismos causadores de doenças;
- Lagoa facultativa: para reduzir a quantidade nitrogênio;
- Lagoa aeróbica (ou aerada): para reduzir a quantidade de patógenos e a quantidade de microrganismos.
> Vantagens das Lagoas de Decantação:
- Baixo custo para construção, manutenção e operação
- Reduz a carga orgânica do líquido gerado
- Remove patógenos
> Desvantagens das Lagoas de Decantação:
- Odor desagradável na lagoa anaeróbica
- Não aproveita o gás gerado
2) Lagoas com plantas enraizadas
> Para tratamento secundário ou terciário;
> Alternativa para remoção de nutrientes;
> Vantagens das lagoas com plantas enraizadas:
- As plantas enraizadas removem nutrientes;
- Tornam os dejetos mais aerados;
- Retiram lâminas de água;
- Melhoram o odor;
- Implementação relativamente barata.
3) Esterqueira
> Realizam a fermentação biológica do material orgânico gerado;
> São como piscinas impermeabilizadas que recebem os dejetos;
> Os dejetos ficam na esterqueira por pelo menos 90 – 120 dias;
> A quantidade máxima de operação é 80% da capacidade;
> Possui formatos variáveis.
> Vantagem da esterqueira:
- Fácil de construir e de operar;
- Custo reduzido para instalação;
- Possibilita maior utilização dos dejetos como adubo.
> Desvantagem da esterqueira
- Não separa as partes do dejeto;
- Dejeto fica mais concentrado, gerando adubo para ser aplicado em grande extensão de terra;
- Apesar do reduzido custo na instalação, a distribuição, armazenamento e transporte possuem um elevado custo.
4) Bioesterqueira
> É um sistema bem parecido com a Esterqueira, mas é um pouco mais elaborado;
> Melhorias em relação à esterqueira:
- dejetos ficam mais tempo retidos;
- Possui câmara de retenção similar a de um biodigestor;
> Vantagem da esterqueira:
- Reduz ainda mais a quantidade de material orgânico do dejeto;
- Esterco (adubo) gerado possui maior qualidade que no caso da esterqueira.
> Desvantagem da esterqueira
- Custo mais elevado que esterqueira (cerca de 20% a mais);
5) Biodigestor
> Sistema com resultados muito positivos para a propriedade e para o meio ambiente;
> Permite o aumento produtivo, com maior número de animais por área;
> São câmaras fechadas onde ocorre a fermentação anaeróbica da matéria orgânica dos dejetos;
> Essa fermentação gera dois produtos:
- Biogás: utilizado para gerar energia elétrica, que pode ser utilizada na propriedade ou vendida para companhias de energia elétrica;
- Biofertilizante: resíduo que pode ser utilizado como fertilizante natural.
> Vantagens do Biodigestor:
- Gera um produto com elevado valor;
- Redução de tempo e de espaço utilizado quando comparado com os outros sistemas de tratamento anaeróbicos.
> Desvantagens do Biodigestor:
- Longo período de retenção dos sólidos;
- É preciso manejar os dejetos para deixá-los homogêneos, isso é necessário para termos eficiência do sistema.
Confira como biodigestores trazem benefícios para sua propriedade e para o meio ambiente
https://www.youtube.com/watch?v=_xzAj3pkm50
6) Sistrates
> Permite uma melhor utilização do espaço com maior produtividade por área
> Gera resíduos de grande valor agregado;
> Permite a reutilização de água;
> Nova tecnologia desenvolvida pela Embrapa com resultados muito bons;
> Sistrates é a sigla para Sistema de Tratamento de Efluentes da Suinocultura
> Módulos: pode ser adaptado, sendo um sistema modular composto por:
- Módulo de separação de líquido e sólido
- Módulo BIO de fermentação anaeróbica
- Módulo N de remoção biológica de nitrogênio
- Módulo P de precipitação química de fósforo
Confira vídeo da Embrapa Suinos e Aves sobre o sistema Sistrates
https://www.youtube.com/watch?v=RdpIKVI0S2s
Referências:
Suinocultura de baixa emissão de carbono, EMBRAPA
Sistrate: suinocultura com sustentabilidade ambiental e geração de renda. EMBRAPA
Boas práticas ambientais na suinocultura, SEBRAE
Sustentabilidade ambiental na produção de suínos: recomendações básicas, FUNDESA
Manejo de dejetos de suínos – Embrapa