O Mundo das Podas
Dizem que a arte de podar surgiu ao observarem asnos e cabras comendo plantas e a resposta dessas plantas no tempo: produzindo muito mais. Hoje em dia é comum escutar sobre "a surra de cinta" em plantas frutíferas para as fazerem florescer, essa seria uma poda com pouca técnica.
Razões para podar incluem: remoção de pedaços mortos ou secos; formação da copa, controlar ou redirecionar o crescimento; melhorar ou sustentar a saúde; reduzir do risco de quedas e quebras; preparar de mudas para transplante; aumentar a produtividade ou qualidade de flores e frutos.
Quanto menor o pedaço cortado, mais fácil a planta se recuperará, reduzindo a chance de doenças e podridão de ocorrerem. É preferível realizar uma poda estrutural em plantas jovens do que remover partes grandes de plantas maduras.
Práticas de poda especializada podem ser aplicadas a certas plantas: rosas, frutíferas e videiras. Espécies que requerem poda anual para produzir.
Na natureza, ventos, gelo e neve, salinidade podem causar a auto-poda ou poda natural de plantas, esse processo é chamado abscisão. O momento que a planta diminui suas atividades, geralmente com a chegada do frio, é o período correto de fazer a poda. Antes desse período, prepara-se as ferramentas: amolando, limpando a ferrugem, lubrificando molas e afiando.
OBJETIVOS:
* Modificar o vigor da planta;
* Produzir mais e melhor fruta;
* Manter um porte conveniente para o trato e manuseio;
* Modificar o crescimento ou brotação de ramos vegetativos que frutíferos ou vice-versa;
* Conduzir a planta de forma desejada;
* Remover ramos indesejados, inconvenientes, doentes e mortos;
* Regular a safra, obtendo anualmente colheitas médias com regularidade.
OS 11 PRINCÍPIOS DA PODA
1) O clima e o solo determinam grande parte do vigor da planta.
2) Para haver vigor, a planta depende da circulação de seiva por todas suas partes.
3) A copa se desenvolve conforme o desenvolvimento das raízes e vice versa. Isso afeta o vigor e longevidade das plantas.
4) A seiva circula rápido em galhos verticais e devagar em galhos horizontais. A circulação rápida favorece desenvolvimento vegetativo, enquanto a lenta favorece o desenvolvimento dos ramos frutíferos.
5) A seiva dirige-se para os ramos expostos à luz, e pouco para os ramos sombreados.
6) É pelas folhas que a planta faz fotossítense, e a sua redução debilita o vegetal.
7) Há espécies que só frutificam em ramos formados anualmente, e outras produzem durante vários anos nos mesmos ramos.
8) Quanto mais se poda, menos o tronco engrossa e vice versa.
9) O vigor das gemas (olhos) depende da sua posição e quantidade nos ramos.
10) Quanto mais severa a poda num ramo, maior é o seu vigor.
11) A poda drástica retarda a frutificação. Ou a planta cresce ou floresce.
TIPOS DE PODA
a) Formação: faz a condução da planta, distribuindo o porte/altura e brotações. Podem ser hastes únicas como em macieiras/pereiras ou dividir a copa em 3 ou 4 ramos, como goiabeiras/caquizeiros. Pode ser utilizada em transplante: eliminando brotações excessivas, deixando somente 3 a 4 ramos, podando raízes muito longas, quebradas e tortas, buscando equilibrio entre copa e raízes. Facilita o manejo e colheita da planta. Espécies com folhas caducas (que caem) exigem podas anuais. Remove galhos verticais e deixa galhos horizontais.
b) Frutificação: somente após a copa estar formada. Remove galhos sem flores/frutos; frutos em excesso. Controla e uniformiza a frutificação. Plantas de clima temperado necessitam desse tipo de poda: figueira, macieira, marmeleiro, pessegueiro, videira, etc. Deixar entrar luz e um pouco de vento dentro da copa.
c) Tratamento e rejuvenescimento: remove ramos doentes, com pragas, improdutivos, decrépitos. Reforma a copa, deixando as ramificações principais. Utilizada em árvores grandes, transplantadas, pomares abandonados. Aplicar pasta ou calda fungicida no local do corte.
d) Limpeza: poda leve e simples. Remove galhos quebrados, secos, doentes, mal localizados, incovenientes.
Outras técnicas de poda:
- Desponte: diminui tamanho dos ramos, facilitando os ramos inferiores a crescerem.
- Desbrota: remoção dos brotos laterais e improdutivos.
- Esladroamento: remoção de ramos que nascem de madeira velha (porta-enxertos), os ramos ladrões, geralmente verticais.
- Desfolha: remoção das folhas para iluminação e arejamento da copa.
- Desbaste: remoção de alguns ou todos os frutos, ou para a seiva acumular nos frutos restantes, ou para a planta voltar ao crescimento vegetativo.
PERÍODO DA PODA
Partes mortas e ramos pequenos podem ser podados em qualquer período do ano. Espécies de clima temperado são podadas durante a dormência no inverno ou após a completa floração.
Outono é uma estação a ser evitada pois é o período de esporulação abundante de fungos e doenças.
Algumas plantas lenhosas sangram muito pelos cortes. Algumas calejam lentamente. Nestes casos é melhor podar durante seu crescimento ativo para cicatrizarem rapidamente.
Inverno: recomendado para plantas que perdem folhas (caducifólias), no surgimento de botões florais nas pontas dos galhos. Podar após a queda das folhas.
Verão: foco em arejar a copa, melhorar a insolação na copa, qualidade dos frutos e manter a forma da copa.
GEMAS: ou olhos, são onde surgem folhas/flores/caules. Se localizam na ponta de ramos ou nos nós. O que diferencia as gemas é a quantidade de seiva que recebem. Gemas pontiagudas irão virar ramos, já as de frutos são mais volumosas e ovais e as de flores são arrendondadas.
INSTRUMENTOS: boas ferramentas devem ser limpas, afiadas e lubrificadas e basicamente são a tesoura de poda, o serrote de poda e a decotadeira (tesourão).
EXECUÇÃO: cortes limpos, rentes ao galho/tronco, de forma que não acumulem água ou sujeira, evitando infecções. Recomenda-se aplicar calda ou pasta fungicida ou protetora em grandes cortes.
RESÍDUOS: galhos e material infectado é prudente retirar do pomar, contudo podem ser compostados e reciclados naturalmente no solo. Limpe o material grosseiro (troncos e galhos), coloque-os encostados no solo e cubra com o material fino (ramos e folhas), desta forma os nutrientes contidos podem ser compostados pela microfauna e disponibilizados à planta.
Adaptado e escrito por Ingo Scarpatti
Fontes:
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia22/AG01/arvore/AG01_48_24112005115222.html
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/pessego/arvore/CONTAG01_37_1972007162810.html
https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Uva/UvasViniferasRegioesClimaTemperado/poda.htm
https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pessego/PessegodeMesaRegiaoSerraGaucha/conducao.ht
http://www.estacaoexperimental.com.br/documentos/Poda_de_Arvores_Frutiferas.pdf
http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/poda.html <<<<
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/60058/1/Miscelanea-9.pdf
https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Citros/CitrosNEPequenosProdutores/tratosculturais.htm
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