4 anos

Cadeia Produtiva do Cacau

Era utilizado pelos astecas como moeda, provocou discussão entre religiosos sobre suas propriedades afrodisíacas e, por muito tempo, foi consumido como bebida exclusiva das cortes européias. Considerado como alimento dos deuses, é do cacaueiro que se extrai a matéria-prima de um produto de excelência: o chocolate. A produção de cacau brasileira vem se recuperando e está com novas perspectivas com a reinvenção da cadeia produtiva e gerando transformação social. O desenvolvimento sustentável da cacauicultura vêm superando os desafios e trazendo renda para o pequeno agricultor. Para entender melhor a agroindústria e os setores da cacauicultura, clique aqui!

A atividade agrícola relacionada à plantação do cacau é desenvolvida principalmente na Bahia, maior produtor, e nos anos 90 sofreu com a praga vassoura-de-bruxa, que ataca meristemas da planta, resultando em perdas e prejuízos.

Junto com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), pesquisas, educação e extensão rural são desenvolvidas e cultivares clonais resistentes ao fungo têm sido introduzidas. Parcerias com órgãos de pesquisa como a Embrapa e universidades são bem vindas em momentos críticos e de desafios.

Deve-se considerar a viabilidade ou não da implantação de uma pequena linha de produção, que posteriormente definirá como agroindústria. Para isso, realiza-se pesquisas de preço de mercado, levantamento técnico do processo de produção desde o plantio ao beneficiamento e uma projeção de receita e de custo, que culminará em um plano de negócios.

Cacaueiro

É uma planta perene com produção por mais de 50 anos. Seu cultivo preserva o solo, o sombreamento mantém o mesmo aspecto da floresta úmida. Precisa de baixa dificuldade de manejo e manutenção com apenas 85 jornadas por ha/ano. Baixo nível de desgaste físico, o agricultor trabalha na sombra. Após 20 anos presença de mais de 80 espécies, e havendo corredor ecológico ocorre o retorno da fauna.

Os preços internacionais estão em elevação. Sendo que é apropriada para o cultivo orgânico.

São basicamente três variedades: Forastero, Criollo e Trinitário. Forastero têm cotilédones de cor púrpura, devido à presença de antocianinas e é, comercialmente, a variedade mais abundante. O cacau Criollo, classificado como mais suave (as antocianinas do sabor ‘forte’ e adstringente estão ausentes), têm cotilédones brancos sendo é de qualidade superior; menos vigoroso e vulnerável a doenças. E Trinitário, um híbrido entre o Forastero e o Criollo. Foi cultivada na ilha de Trinidade depois de uma devastação da variedade Criollo, que possui cotilédones que varia de branco até púrpura.

Produtos do Cacaueiro

Após fermentação e secagem, é encaminhado para fabricação de chocolate em diferentes formas. Das sementes extrai-se também a manteiga, muito utilizada na indústria farmacológica e na fabricação de cosméticos. A polpa que envolve as sementes é rica em açúcares, sendo utilizada na fabricação de geléia, vinho, liquor, vinagre e suco.

Subprodutos são: Cacau Seco, Licor, Chocolate, Manteiga, Cacau seco, Semente fresca, Mel de Cacau, Geléia, Vinagre, Destilado, Polpa, Suco congelado e a Casca Cacau (ração).

Limitações

Do cultivo ao sistema produtivo, podemos mencionar de doenças: Vassoura de Bruxa (Moniliophthora perniciosa). De praga: Broca do Fruto (Conotrachelus humeropictus); Broca do Tronco ou Manhoso (Steirastoma breve); e a Chupança (Monalonion annulips).

Na unidade produtiva e viabilidade seriam a falta de linhas de crédito, falta de planejamento, não observância das recomendações técnicas, sacolas e covas subdimensionas, problemas com sombreamento e quebra ventos.

Pequenas agroindústrias devem possuir alta atividade dos equipamentos. No setor industrial é normal a existência de alguma ociosidade resultante, geralmente em resposta da produção às condições de mercado.

Condições adversas para o setor produtivo devem ser eliminadas, e adequadas a forma de cultivo e sistema produtivo, pois ao se utilizar de forma inadequada os equipamentos resulta em um custo unitário de produção maior, comprometendo a rentabilidade financeira da atividade industrial.

Destaca-se como principal problema o fornecimento da matéria prima como o gargalo. O destaque dado à matéria prima está relacionado à qualidade. Onde o cacau produzido ainda é submetida a procedimentos que não obedecem a padrões de conformidade técnica para colheita e pós-colheita sendoas vezes negligenciado o transporte das amêndoas.

Outro problema relevante é a logística de distribuição, relacionado a entrega para pequenos compradores.

Sistema Produtivo e Consórcios

Para aprimorar e desenvolver a cacauicultura é necessário conhecer as características do cacaueiro; as variedades e os sistemas de propagação; necessidades do cultivo; os sistemas de produção; os tratos culturais do cacau; preparar o viveiros para produção de mudas; produzir mudas a partir de sementes ou de propagação vegetativa; implantar a lavoura; conhecer os tratos culturais; o manejo fitossanitário de pragas e doenças; realizar a colheita, beneficiamento e armazenamento da produção; e comercializar o cacau.

A qualidade das amêndoas e o chocolate fino surgem como nova perspectiva para a cadeia produtiva de cacau. Deve-e explorar e aproveitar todas as potencialidades do fruto.

O desafio é fazer a árvore do cacaueiro produzir até 500 arrobas de frutos por hectare.

Num modelo de plantio sustentável, o cacau é plantado junto com outras culturas de árvores, palmeiras ou frutas, como ocorre em seu bioma de origem, a floresta Amazônica.

Um exemplo de sistema produtivo é o SAF de Cacau, que consorcia outras plantas junto com a de interesse:

Ciclo médio: Cupuaçu (Theobroma grandiflorum), Pupunha (Bactris gasipaes), Guaraná (Paullinia cupana), Açaí (Euterpe oleracea), Urucum (Bixa orellana), Banana (Musa sp.), Café (Coffea sp.).

Ciclo curto: Abacaxi (Ananas comosus), Melancia (Citrullus lanatus), Maxixe (Cucumis anguria), Pepino (Cucumis sativus), Mamão (Carica papaya).

Anuais: Mandioca (Manihot esculenta), Feijão-guandu (Cajanus cajan), Mamona (Ricinus communis), Milho (Zea mays), Feijão (Phaseolus vulgaris), Arroz (Oriza sativa).

Espécies florestais: Mogno (Swietenia macrophylla), Castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa), Cerejeira (Torresia acreana), Freijó-Louro (Cordia alliodora), Cedro-rosa (Cedrella odorata), Ipê-roxo (Tabebuia serratifolia), Garrote (Bagassa guianensis).

Outras espécies de interesse são: Bacuri, Biribá, Abiu, Jenipapo, Araçá Boi, Camu-Camu, Cubiu, Mapati, Murumuru, Sapota-dos-Solimões, Tucumã, Umari.

Agroindústria e Cadeia Produtiva

A cadeia produtiva do cacau pode ser resumida em: Cacau; Colheita; Quebra do fruto; Separação (polpa); Fermentação; Classificação; Limpeza; Armazenamento; Secagem (água); Quimiofermentação; Torração (calor); Moagem (manteiga);Massa de cacau; Mistura; Refinação; Conching; Tanques e misturas (aditivos) e pulmão; Temperagem e vibração; Moldagem e Enchimento; Embalagem e Armazenamento.

O processo produtivo inclui basicamente quatro etapas:

A propriedade rural ou unidades de produção (UP) de cacau é a primeira etapa; A segunda etapa são agentes intermediários, definidos como pequenos, médios e grandes compradores.

A terceira são indústrias de processamento de amêndoas secas para produção de pasta, licor, manteiga de cacau, torta e pó;

E a quarta etapa é a indústria chocolateira do país e às vendas dos subprodutos no mercado externo.

Resíduos

A casca da amêndoa do cacau, é considerada apenas um resíduo. Contudo pode-se produzir cookies, barras de cereais, bebida láctea, sobremesa láctea tipo flan e sorvete. A casca da amêndoa do cacau possui propriedades semelhantes aos frutos, sendo rica em compostos antioxidantes, vitaminas, fibras e minerais.