Açaicultura | Parte 3
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13. Controle de pragas
> Pulgão-preto-do-coqueiro (Cerataphis brasiliensis): Corpo arredondado (1 – 2mm diâmetro), lento, secreta honeydew. Sintomas: Ataque até 3º ano das plantas (flecha e inserção de folhas danificadas); Controle: Plantas subdesenvolvidas em viveiros: separa das mudas sadias e limpar com pano e água; no campo – macerado de alho;
> Muricato (Ozopherus muricatus): besouro de 2,5 cm, com élitros alaranjados e com rostro preto (extensão da cabeça tipo bico). Danos: Maiores relatos de contaminação biológica durante o processamento. Controle: realizar o passo a passo adequado na pós-colheita;
> Broca-do-coqueiro ou bicudo (Rhynchophorus palmarum): besouro de 5 cm preto aveludado com rostro preto. Danos: planta de porte reduzido, inflorescências abortadas e estipe com furos enegrecidos junto à região da coroa, folhas amareladas e curtas, redução ou ausência de cachos, podendo matar a planta; também propicia a entrada de micro-organismos e nematoides causadores do “anel-vermelho”. Controle: 1) Preventivo - Retirar plantas decadentes ou mortas (criadouros), evitar causar injúrias os estipes e usar caldas natural para cicatrização; 2) Comportamental – Uso de armadilhas de garrafa pet ou baldes com cana-de-açúcar e feromônios;
> Broca-do-estipe (Eupalamides cyparissias): Mariposa com asas de até 20cm de envergadura, com asas marrom escura e reflexos violetas. Lagarta do tipo broca: corpo castanho brilhante e mandíbulas pretas. Danos: Galerias iniciando em axilas foliares, causando grande prejuízo à coroa da planta, reduzindo produtividade e atraindo a broca-do-coqueiro. Controle: Poda de folhas infestadas, coleta de crisálidas e adultos;
> Ácaro-vermelho (Tetranychus mexicanus): Polífago, pequenos pontos vermelhos, fazendo teia na superfície interior das plantas. Danos: redução fotossintética e maior transpiração; Controle: óleo de nim, controle de plantas infestadas em viveiros.
14. Controle de doenças
> Planta com elevada rusticidade, doenças ocorrem em viveiros ou no campo devido a falhas no manejo, má nutrição ou plantio em locais sujeitos a encharcamentos ou com elevado sombreamento;
> Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) - Sintomas: Manchas de necrose no tecido foliar, causa perda das mudas; Controle: maior aeração, menor irrigação e substrato quimicamente equilibrado; uso de calda bordalesa;
> Helmintosporiose (Exserohilum rostratum) - Sintomas: Comum ocorrência em viveiros, causando queima e manchas foliares circulares levando a queima total das folhas; Controle: queima de mudas e folhas secas caídas de plantas atacadas; melhor espaçamento, aeração e insolação em viveiros;
> Rachadura do estipe (origem fisiológica) - Sintomas: plantas de 2 anos ou mais, rachaduras no caule com presença de micro-organismos oportunistas, levando ao apodrecimento e queda do estipe. Controle: mudas de qualidade.
15. Colheita
É ideal que as frutas coletadas cheguem no dia seguinte após colheita nos centros industriais.
15.1) Sistemas extrativistas naturais
> No pico da safra: maioria dos frutos maduros. A produtividade é variável;
> Colheita: escalada com auxílio da peconha;
> Efetuar escalada pela manhã: estipes secas;
> É de grande importância que a colheita seja feita de forma segura:
- Utilizar equipamentos de proteção individual: bainha do facão, capacete, camisa de manga longa, calça perneiras e botas (andar na mata);
- Avaliação prévia se estipe aguenta o peso do extrativista sem envergar ou quebrar;
- Verificação da ausência de animais peçonhentos escondido entre as touceiras;
- Extrativista deve descer com cacho junto de si sem deixar o mesmo tocar no chão, evitando contaminação dos frutos.
15.2) Sistemas de plantio comercial
> O mais comum é ocorrer por escalada com auxílio da peconha, mas novos equipamentos estão sendo desenvolvidos para evitar a escalada;
> A partir do 6º ano: Produção significativa 6t/ha/ano;
> Máximo de produção em 10 anos (12t/ha/ano);
> Declínio da produção a partir de 12 ou 13 anos.
16. Pós-colheita
16.1) Monitoramento
> Monitoramento em áreas extrativistas é extremamente importante para gerar previsibilidade de produção e renda;
> Monitoramento inclui: produção de frutos e palmito; tratos silviculturais adotados na área (limpeza, raleamento, adensamento, etc).
16.2) Debulha e catação
> Não permitir contato do solo com frutos e não permitir a presença de animais domésticos no processo;
> Realizar ambos no local da colheita;
> Debulha: liberação dos frutos em lonas plásticas ou em caixas plásticas; descartando frutos que sofreram ataques, apresentam doenças ou possuem fezes de pássaros;
> Catação: seleção dos frutos por coloração ou estágio de maturação:
- Tuíra – adequado para colheita, possuindo casca intensamente roxa-escura, coberto por pó esbranquiçado;
- Paraou ou Paró – não ideal para colheita, possuindo casca intensamente roxa-escura, com brilho na casca;
- Vitrin – não adequado para colheita, possuindo boa parte da casca intensamente roxa-escura e restante da casca verde-escura;
16.3) Processamento, embalagem e conservação
> Passo 1: Recepção e armazenamento dos frutos – acondicionamento em recipientes lisos, armazenados em área seca, limpa e ventilada;
> Passo 2: Inspeção Visual – Objetivo de retirar impurezas visíveis e frutos estragados e verdes;
> Passo 3: Primeira lavagem – com água potável para retirar impurezas visíveis;
> Passo 4: Segunda lavagem/ Sanitização – com água e água sanitária sem alvejante;
> Passo 5: Terceira lavagem e enxágue – com água potável para retirada de água sanitária;
> Passo 6: Tratamento térmico para eliminação de patógenos, feito por Branqueamento (imersão dos frutos em água à 80°C por 10 segundos), Amolecimento (imersão dos frutos em água à 45°C por 20 minutos), ou Pasteurização (alcance de 80-90°C por poucos segundos);
> Passo 7: Resfriamento do fruto – mergulhar frutos em água na temperatura ambiente;
> Passo 8: Despolpamento – em maquinário próprio previamente higienizado;
> Passo 9: Filtragem – retirada de resíduos grosseiros em peneira própria para isso;
> Passo 10: Homogeneização e envase – realizado em tanque agitador conectado a embalador automático;
> Passo 11: Congelamento e armazenamento – material envasado é congelado e armazenado em temperaturas entre -18°C e -25°C.
Existem três classificações para o açaí processado:
Tabela 2: Classes de açaí processado
17. Desafios
> Maior segurança na colheita;
> Estabilidade produtiva ao longo dos anos;
> Combate a agroindústrias clandestinas ou irregulares;
> Garantia extrativismo sustentável conservacionista.
Fontes:
EMBRAPA. BRS Pai d’Égua cultivar de açaí para terra firme com suplementação hídrica. Disponível em <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/204487/1/ComTec-317.pdf >
Embrapa. Açaí congelado. Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Acai_congelado_000gbzhifgi02wx5ok01dx9lcgg4eb81.pdf >
Embrapa e Mapa. Cultivo de Açaizeiros e Manejo de Açaizais para Produção de Frutos disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/346787/cultivo-de-acaizeiros-e-manejo-de-acaizais-para-producao-de-frutos>
Empraba. Sistemas de Pridução: Cultivo do Açaizeiro (Euterpe oleracea Martius) no Noroeste do Brasil. Disponível para download em: <https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1101575/cultivo-do-acaizeiro-euterpe-oleracea-martius-no-noroeste-do-brasil >
Frutal. Açaí: técnicas de cultivo e processamento. disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Cursoacai_Frutal_2007_000gbz4ubex02wx5ok01dx9lc36pq0js.pdf>
Governo do Pará. Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Açaí no Estado do Pará – PROAÇAÍ. Disponível para download em: <http://www.sedap.pa.gov.br/programa-de-desenvolvimento-da-cadeia-produtiva-do-a%C3%A7a%C3%AD-pr%C3%B3-a%C3%A7a%C3%AD >